segunda-feira, 16 de março de 2009

Satisfaz?

Ao trilhar a lógica da Dinâmica do Conhecimento, uma pergunta básica e persistente se impõe: - satisfaz?
A resposta a esta pergunta implica uma decisão sobre os critérios da ‘verdade’.

Segundo Bazarian (BAZARIAN, Jacob. O Problema da Verdade) os critérios para se decidir se algo é verdadeiro originam-se: da autoridade, da evidência, da ausência de contradição, da prova e da utilidade. Sob a perspectiva dos sistemas de produção, esses critérios poderiam ser, simultaneamente: legais, técnicos ou comerciais.

Na Gestão pela Qualidade Total, segundo Falconi Campos, esses critérios deveriam levar em conta o famoso QCAMS – Qualidade intrínseca do produto, Custo, Atendimento, Moral e Segurança.

O critério fundamental observado pelo consumidor refere-se à utilidade do produto para os usos formais e informais que tiver em mente, daí a definição de Juran de que qualidade significa “adequação ao uso”. Deming ressaltou que, para o efetivo controle da qualidade – aquilo que o cliente acha que é -, devem ser estabelecidas definições operacionais para orientar a produção, bem como a transação entre produtor e consumidor. Isso impõe respeito ás leis naturais e submissão a certos padrões éticos universais ainda que, quando contextualizados, gerem dúvidas sobre o como colocá-los em prática.

Deming e Ishikawa, dois homens de forte base ética universal, ressaltaram a necessidade de pragmatismo quanto a coisas e processos físicos, porém, enfatizaram a necessidade de uma ética de justiça e equidade quando se tratam de pessoas. Eles foram considerados homens espirituais; o primeiro influenciado pelo cristianismo, o segundo pelo budismo.

A verdade, no caso da física teórica, exige o uso, num primeiro momento, da prova racional; entretanto, os axiomas mais poderosos geralmente manifestam-se como certeza que vem da razão intuitiva, que deve ser analisada racionalmente e confirmada pela experiência, como afirmou Einstein. Já na tecnologia, abre-se grande margem para a verdade pragmática, que prioriza o teste da experiência em detrimento da prova racional.

No caso do estabelecimento de critérios para transações comerciais, o pragmatismo atinge o seu ápice, quando tais critérios dependem totalmente da aceitação, pelo cliente, do bem ou serviço. Isso leva a uma disfunção potencial quando se lança mão de técnicas subliminares para explorar paixões e vícios latentes nas pessoas. As lições históricas mostram que, muitas vezes, as pessoas comuns não sabem o que querem e, geralmente, querem o que está em desacordo com as leis naturais e com a ética universal. Somente por meio da educação crítica e de qualidade, ao se formarem cidadãos, formam-se, simultaneamente, consumidores e clientes responsáveis.

A Dinâmica do Conhecimento, na sua forma mais geral, força a reflexão sobre o fato de que a verdade, naquilo que depende de acordo entre as partes, está sempre mudando em função das alternativas de mercado e do nível de educação dos cidadãos. Sob a perspectiva histórica, entretanto, é possível assumir que os valores universais sempre voltam à tona, mesmo quando, aparentemente, tenham sido esquecidos.

Nenhum comentário: