quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A estratégia ao alcance de todos

Costuma-se falar que nas organizações existem três níveis de autoridade e ação: o estratégico, o tático e o operacional. Isso impressiona. Porém, um executivo altamente respeitado, como Jack Welch (ver seu livro Paixão por Vencer), afirma que a estratégia é simples: basta ter a ideia brilhante, definir os meios de alcançá-la e pagar as pessoas certas para implementá-la. Isso é simples, mas muito difícil de ser praticado por quem não tem as qualidades certas.

Ele citou um restaurante no qual esperava, com prazer, até 20 ou 30 minutos para conseguir ser atendido, pois as filas eram enormes. Na sua opinião, a estratégia para tanto sucesso estava no molho. Com isso ele quis eliminar o mito de que a estratégia depende de interpretação teórica sofisticada. No livro Tecnologia Empresarial Odebrecht encontra-se a mesma ideia.

Jack afirmou que, embora a análise seja importante, mais importante ainda é a intuição. Ele reconheceu que grande parte do seu sucesso vinha do seu vice-presidente, um homem realmente brilhante. Ele testou sua capacidade em mais de mil negócios, estando, pois, fora de qualquer questionamento pelos acadêmicos e consultores que não concordam que o assunto seja tão simples. Mas há que se levar em conta que a prática da estratégia só é simples para quem tem aptidão para o que faz.

Para ser um estrategista, em anologia com o verdadeiro cientista (veja-se Einstein, no seu livro Notas Autobiográficas), não basta seguir um método, embora o método seja muito importante. Trata-se de aptidão. É só quanto a este aspecto que se pode pensar que há aqueles que devem assumir as estratégias do empreendimento como um todo, que outros devem ser desdobradores de estratégias e outros, ainda, devem ser operadores no campo de batalha.

Contudo, se pensarmos de forma mais aberta, todos podem e devem ser estrategistas, cada um no âmbito que lhe é próprio. Assim, o topo das organizações deve ser ocupado por quem tem visão sistêmica e capacidade para compartilhar visões de futuro inspiradoras. Apesar de assessoradas por bons analistas, tais pessoas devem ter sua intuição aguçada. Porém, em todos os níveis pode-se e deve-se coordenar meios para atingir fins o que, em última análise, caracteriza o conceito aberto de estratégia.

Uma cozinheira pode ser estrategista no seu trabalho, assim como uma faxineira. O professor deve ser um estrategista em sala de aula, assim como a diretora deve pensar a escola como um todo. As Secretarias de Educação devem ser ocupadas por estrategistas, e assim por diante. Trata-se de dar a todos as armas do pensamento estratégico aplicado à atividade racionalmente conduzida.

Muitos empresários enxergaram isso. É preciso, pois, educar em massa para que cada pessoa, de acordo com sua vocação, possa agir de forma estratégica.