segunda-feira, 2 de março de 2009

Aprendendo com as melhores práticas

Uma das lições fundamentais desta era do conhecimento é a necessidade de se dominarem as melhores práticas disponíveis, em quaisquer setores da vida. Não é necessário, nem possível, reinventar sempre a roda. Se pensarmos nos aspectos comuns da civilização, essas práticas fundamentais remontam às virtudes cardeais, destiladas da dolorosa experiência histórica, tais como: justiça, coragem, temperança e sabedoria. No seu formato religioso, especialmente sob a perspectiva cristã, essas boas práticas são expressas nas virtudes fundamentais que Paulo associou ao amor, à fé e à esperança. Sob a pespectiva de um ecumenismo social, elas poderiam ser associadas à competência, à integridade e à solidariedade.

Em termos práticos, é melhor nomear tais conceitos de acordo com a necessidade de gerar resultados no dia-a-dia. Na visão de Freud, esses conceitos, derivados da civilização, seriam cinco: a parcimônia, a ordem, a limpeza, a beleza e o autodomínio. Sob as perspectiva dos sistemas produtivos, as boas práticas fundamentais, adaptadas da visão cultural, foram associadas, no Brasil, aos cinco sensos de: utilização, ordenação, limpeza, saúde e autodisciplina. Aplicando-as, pode-se criar o ambiente necessário à atividade humana produtiva e de qualidade. O conceito de boas práticas é genérico, sendo adotado intuitivamente pelo contato intercultural; porém, alguns povos são ativos e intencionais na sua adoção, enquanto outros são passivos.

Na sua versão formal, a adoção das boas práticas já é obrigatória em setores sensíveis à saúde, como o de alimentos e o farmacêutico. Em termos de gestão, o PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade, procura incentivar que as organizações de melhor desempenho elaborem relatórios que passam a ser fonte de aprendizagem para as demais. Às vezes essa forma de ‘imitar’ recebe alguns nomes pomposos, tais como: engenharia reversa, reestruturação, benchmarking, técnica de desenvolvimento de produtos a partir de semente, entre outros. A atitude e o comportamento de se aprender com o melhor, se inteligente, levam em consideração as condições específicas vigentes no contexto do aprendiz, como ocorreu com os japoneses ao aprenderem a produzir carros de qualidade com americanos e europeus.

O Brasil ainda não adotou, em larga escala, a prática de aprendizagem com os melhores exemplos disponíveis, embora já tenha feito bons ensaios nesse campo. Especialmente no campo da educação, o País ainda não se deixou sensibilizar pelos melhores exemplos mundiais. A decisão adotada pelo Japão, em 1868, na dinastia Meiji, ainda nos surpreende sem que nos movamos na mesma direção. Nem mesmo o exemplo dos americanos, que em quase tudo costumamos nos basear, nos inspirou ao movimento decisivo de adotar a educação como fundamento da construção da riqueza nacional.

Poderíamos, ainda, pensar em adotar as boas práticas em temos de Índice de Desenvolvimento Humano, mas esta é a meta final, a ser conseguida mediante a manipulação de muitos meios. Contudo, existe um tema fundamental que pode fazer deslanchar todos os demais: as boas práticas relativas aos bons hábitos padrão mundial e a arte de dominar a dinâmica do conhecimento. Para deslanchá-la poderíamos usar o mote: cada brasileiro um cidadão, cada trabalhador um cientista em ação.

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