domingo, 30 de agosto de 2009

Gestão pela Qualidade

O processo civilizatório funda-se, em primeiro lugar, no trabalho. O trabalho exige gestão. A boa gestão pressupõe que se parta de um princípio, tácito ou explícito. O princípio digno de ser explicitado é a qualidade. Assim, a Gestão pela Qualidade representa o avanço da gestão tomada em seu sentido mais amplo, visando à formação do cidadão produtivo. Os desafios da uma Gestão pela Qualidade são, entre outros, o obter o melhor resultado possível quanto a: qualidade do produto ou serviço (Q); custo de produção (C); atendimento das exigências de quantidade, tempo e entrega no local certo (A); moral elevado dos trabalhadores pelo atendimento de suas necessidades (M) e segurança durante a produção, no uso do produto e na disposição dos resíduos gerados tendo em vista a saúde plena (S).

Etapas fundamentais da Gestão pela Qualidade:

1) Atualização dos bons hábitos por meio do método elementar: Ver, Refletir, Agir.
As pessoas falam e reagem a falas sem refletir. E muitas vezes deixam de agir sobre aquilo que está ao seu alcance. Assim, é comum que tenhamos conflitos desnecessários, desperdício de recursos vários, desordem generalizada, sujeira em todos os sentidos e, como resultado, baixa qualidade de vida. Ao induzir e realizar ações pelo método VRA (ver, refletir, agir), deve-se ter sempre em mente a meta da autodisciplina, isto é, a formação do homem com autonomia para iniciar e manter a ação, isoladamente ou em equipe.


2) Domínio da Dinâmica do Conhecimento

Aprendemos por meio do exemplo, consolidamos nossa aprendizagem por meio do contínuo aperfeiçoamento e, eventualmente, inovamos. A aprendizagem com o exemplo pressupõe que estejamos atentos às boas práticas de maneira geral: relações humanas; maneiras de realizar o trabalho; empreendedorismo. A melhoria contínua é uma filosofia de vida que podemos adotar a qualquer momento; basta prestar atenção ao ambiente em torno de nós e, principalmente, na história. A inovação pode tanto ser fruto da melhoria contínua como fruto de ações de ruptura impulsionadas por crises ou por visões de futuro compartilhadas. Eis a ante-sala da Dinâmica do Conhecimento.

Entretanto, há um método para a atividade racional, às vezes chamado de "método científico". Implícito para alguns, ele foi explicitado por homens como: Descartes, Galileu Galilei, Francis Bacon, Newton e Einstein. Na sua forma mais elementar ele é chamado, no mundo empresarial, de PDCA - iniciais de Plan, Do, Check e Act -. De uma maneira mais completa, poderíamos apresentar a Dinâmica do Conhecimento, ou Método Científico, como possuindo os seguintes passos fundamentais e interligados: Ideação, Experimentação, Sistematização e Operação. Ao final de cada uma dessas etapas, e enquanto elas estão sendo realizadas, é preciso questionar se os resultados alcançados são satisfatórios ou não. A pergunta "Satisfaz?" deverá estar sempre presente. Os itens de controle mais gerais, dos quais se podem derivar itens de controle mais específicos poderiam ser, por exemplo, o QCAMS - Qualidade, Custo, Atendimento, Moral e Segurança, além de outros índices tomados de várias fontes da experiência humana.

A qualidade (Q) do produto (bem ou serviço) deve ser buscada nas necessidades dos usuários finais. Muitas vezes esses usuários não sabem o que querem. Dai a necessidade de diálogo permanente em termos de conversa e demonstração concreta desses bens e serviços na forma de protótipos. O custo (C) deve ser o menor possível para que a organização humana (empresa, hospital, entre outras) possa ter margem para sobreviver, crescer e perpertuar-se). O atendimento (A) implica colocar à disposição a quantidade certa, no local certo, no tempo certo. Embora seja uma meta difícil, deve ser buscada como sinal de respeito pelo usuário. O moral (M) é o índice que reflete o grau de satisfação dos trabalhadores. A segurança (S) deve refletir o grau em que as condições de trabalho são favoráveis à saúde; o sentimento de que o trabalhador sente-se seguro em relação ao emprego e o grau em que o ambiente é afetado pelo produto.


3) Domínio de Ferramentas Especializadas

A execução da etapa 1 exige apenas boa vontade. A execução da etapa 2 inclui a etapa 1 e presupõe o crescimento quanto ao domínio de algumas ferramentas de apoio ao pensamento e à ação como, por exemplo: técnicas simples de comunicação, forma de pensar que leve em considerção meios e fins (diagrama de árvore), entre outras ferramentas. Já o pleno domínio da Dinâmica do Conhecimento exige que se aprendam as ferramentas mais avançadas de Engenharia de Produção.

Essas três etapas estão implícitas na evolução da Gestão pela Qualidade no Japão, na Coréia do Sul e em Singapura. Nesses três casos começou-se imitando as melhores práticas disponíveis, adotou-se a melhoria contínua dessas práticas e, em algum momento, deu-se ênfase à inovação como a forma de avançar em competitividade. A Coréia do Sul, em particular, deu mais ênfase à inovação.

É importante lembrar que a Gestão pela Qualidade deve e pode ser praticada por todas as pessoas, em todos os setores de uma organização humana. Ela pressupõe a democracia e, ao mesmo tempo, a impulsiona ao permitir o pleno desenvolvimento humano com base em conhecimento.