quarta-feira, 10 de junho de 2009

A realização do potencial humano

A História registra que o ser humano é um mediador indispensável na transformação de idéias em bens materiais e culturais. Como ser que pensa, sente, age e interage, ele tem potencial latente a ser desenvolvido ou realizado, de acordo com o ponto de vista adotado. O movimento de realização dá-se no presente, e aumenta o poder - “empodera”- a pessoa para novas e maiores realizações. O resultado final pode ser o homem realizado, o produto da ação humana, ou ambos, como é o pressuposto deste autor.

O ser humano entra em ação para satisfazer necessidades – carências percebidas - e desejos – necessidades moldadas pela cultura -. Sua satisfação ocorre tanto durante a atividade de realização quanto na apreciação e consumo dos frutos de sua atividade. Precisa de poder para agir, adquire poder na ação refletida e aumenta o seu poder por meio dos instrumentos que cria.

Pelos feitos do ser humano na História, sabe-se do que ele é, efetivamente, capaz de realizar e, com algum otimismo, podem-se fundamentar esperanças de realizações ainda maiores. Assim, é necessário promover um nivelamento da capacidade geral de realização e alimentar uma fé racional na capacidade de realizações superiores. Esse nivelamento poderia começar pela prática dos hábitos padrão-universal, e pela solução de problemas progressivamente mais difíceis, em equipe.

Quanto ao potencial já demonstrado, sabe-se que ele pode ser de natureza construtiva ou destrutiva, o que implica a decisão de se tomarem como referência os valores universalmente aceitos; por exemplo, aqueles que constam da Declaração dos Direitos Humanos. A realização a serviço da vida exige que não se coloque o produto da ação humana como centro da atenção, mas o homem como origem e destino dos frutos da própria realização o que, a bem da verdade, está distante da prática atual.

A realização do potencial humano implica dominar as melhores práticas existentes, desenvolver uma cultura de melhoria de tudo e romper com o status quo, sempre que necessário ou conveniente. Implica, ainda, seguir o roteiro básico da dinâmica do conhecimento: ideação, experimentação, sistematização, operação e contínuo questionamento dos resultados obtidos e dos meios usados, sob diferentes pontos de vista e critérios de julgamento.

Os recursos efetivamente disponíveis são a inteligência, a sensibilidade, a vontade, a energia e a sabedoria que provém da experiência refletida. O caminho a ser percorrido vai da ignorância ao conhecimento, da ação por impulso à ação intencionalmente conduzida, do consumo máximo ao consumo mínimo.

No que se refere ao crescimento humano propriamente dito, e não apenas à apreciação dos frutos da ação humana, o processo de realização depende do diálogo permanente, da tolerância das diferenças individuais, da aprendizagem com o erro e da criação de um ambiente que leve em consideração as necessidades humanas que decorrem de suas condições de existência.

A compatibilização entre o indivíduo e o sistema social com o qual contribui é um grande desafio, já que é preciso encontrar um meio termo justo entre o sistema aberto e caótico, do tipo salve-se quem puder, e o sistema fechado e rigidamente estruturado, que inibe a ação do indivíduo.

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