quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mente alerta, coração humilde

O homem que tem a mente alerta e o coração humilde pode aprender com qualquer um, em qualquer lugar, em qualquer idade. Este é um dos segredos dos homens representativos da humanidade. Matsushita, o grande empresário-filósofo japonês, aplicou-o com muito sucesso. Deming, o americano que alertou os japoneses para a qualidade, aplicou-o em sua própria vida. Ford aplicou esse princípio no aperfeiçoamento do automóvel.

O homem, como se sabe, consolida o seu caráter a partir de sua experiência de vida. Alguns refletem sobre essa experiência, e tornam-se estrategistas. Outros, ainda que não reflitam, incorporam um saber tácito que pode beneficiar a si mesmo e às pessoas que deles se aproximam sem preconceitos. Afinando sua capacidade de julgar, o homem prático-reflexivo pode encontrar os princípios envolvidos em atividades aparentemente díspares, e desvendar-lhe o segredo básico, como fazem os cientistas, ainda que não saibam expressar-se com a linguagem dos cientistas.

Essa capacidade de aprender com a prática refletida, e criar conhecimento tácito, está amplamente disseminada, em maior ou menor grau; mas, não é uma capacidade bem usada pelas pessoas que não têm uma mente alerta e um coração humilde. O professor que não aceita aprender com o aluno, por exemplo, dá demonstração de falta de humildade e sabedoria, pois, a inteligência de muitas alunos, bem como a variedade de suas experiências, poderiam enriquecer o professor consciente dos mecanismos de aprendizagem.

Até mesmo profissionais altamente qualificados podem aprender com humildes operadores, pois, enquanto aqueles são mais conhecidos por profundo domínio teórico do seu campo de atividade, o operador é quem domina os pequenos e, às vezes, cruciais, segredos da prática. Não possuindo a linguagem para valorizar o seu saber, o operador pode abster-se de tomar a iniciativa de comunicar esse saber em ocasiões importantes; porém, a mente alerta e humilde do profissional sofisticado poderá extrair-lhe o segredo de forma natural e, ainda, compartilhar com ele seus conhecimentos sofisticados.

De fato, tudo é uma questão de comunicação. Pela comunicação empática, trocam-se experiências pela mútua observação, pelo diálogo e pelo uso de signos cuja compreensão esteja ao alcance do interlocutor. Porém, a falta de humildade pode bloquear o fluxo da informação entre pares de status diferenciados impedindo, assim, que o potencial humano de criar riquezas seja plenamente exercitado. Esse tipo de barreira pode ser verificado, em especial, em países subdesenvolvidos, em que muitos portadores de diplomas colocam-se acima do homem comum e despreza sua experiência de vida.

Quando algumas organizações humanas tornam-se conscientes disso, procuram desbloquear o fluxo de informação e de emoção criando grupos de estudos e de reflexão orientados por princípios que facilitam a comunicação humana. Sentindo-se respeitadas, até mesmo as pessoas mais tímidas começam a se envolver, aumentam sua experiência e colocam-na ao alcance de outros colegas, fazendo fluir as idéias necessárias à alimentação da Dinâmica do Conhecimento.

Nas salas de aula pode-se criar um clima semelhante deixando de incentivar a disputa por notas e promovendo, ao contrário, um ambiente de aprendizagem compartilhada. Uma prova, por exemplo, após aplicada, pode ser analisada pelos próprios alunos até que todos se nivelem naquele conhecimento; então, o professor poderia repeti-la, usando exercícios semelhantes, e lançar a nova nota, já melhorada pela aprendizagem efetiva do assunto. Para fazer isso, entretanto, é necessário que a mente esta alerta e o coração, humilde.

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