terça-feira, 7 de abril de 2009

O fator emocional

Desde tempos imemoriais o homem tem sido chamado a assumir o controle de seus desejos e emoções. Essa é a principal mensagem, por exemplo, da Bhagavad Gita e da Bíblia Sagrada. Platão, Spinoza, Freud, Wilhelm Reich e, mais recentemente, Daniel Goleman, ressaltaram o papel fundamental das emoções no comportamento humano.

Platão afirmou que o comportamento humano deflui de três fontes principais: desejo, emoção e conhecimento. Spinoza afirmou que a chave da liberdade está no autoconhecimento que leva ao controle das três paixões primárias: desejo, alegria e tristeza. Freud destacou a força de emoções de origem geralmente desconhecida como sendo as principais indutoras da ação humana. Na opinião do psicanalista Wilhelm Reich, a energia emocional, mal compreendida e mal utilizada, seria a principal praga, jamais combatida, que tem trazido sofrimento indizível para humanidade. Goleman reativou o interesse pelo tema em 1995 por meio do livro Inteligência Emocional.

Pesquisas recentes têm demonstrado que as pessoas nascem com certas características emocionais, ou temperamentos, dificilmente modificáveis embora, mediante árduo esforço, sejam passíveis de algum controle. O cérebro teria uma mente emocional, muito mais rápida do que a mente racional, sempre prenhe de certeza e pronta para reagir imediatamente diante de qualquer ameaça real ou aparente. A mente emocional, nos homens como nos animais, impulsiona à luta ou à fuga, um poderoso mecanismo de sobrevivência. O homem tem a alternativa, se for treinado para tal, de deixar fluir a emoção e agir racionalmente, mas raramente o faz.

A justiça brasileira absolveu, até recentemente, crimes bárbaros sob a alegação de ação sob forte impacto emocional. Muitos desses crimes foram praticados por homens armados contra mulheres indefesas. Se os perigos associados à irrupção violenta da emoção já são bem conhecidos, como lidar com a situação, individual e coletivamente?

Os gregos usaram o teatro como uma forma de catarse, simulando situações de alto impacto emocional. Já os romanos levaram os instintos destrutivos às últimas conseqüências, jogando cristãos aos leões famintos e promovendo lutas assassinas entre escravos gladiadores na presença de platéias enlouquecidas. O hinduísmo e o budismo propõem a meditação para a pacificação da mente. O islamismo, o judaísmo e o cristianismo têm a oração e o jejum como propostas comuns.

De uma maneira geral o teatro, a arte, o esporte, a música, a literatura, assim como o trabalho em ambiente propício, são maneiras de canalizar o fluxo da energia emocional que, de outra forma, poderia ser dirigido para a destruição. Atividades lúdicas têm sido usadas tanto na educação infantil, no treinamento de adultos e, até mesmo, como uma forma de aumentar o bem estar e a produtividade do trabalho.

Um método eficiente para relacionar-se de forma sincera, porém contornando eventuais tempestades emocionais, é a prática do padrão OCER de comunicação. É necessário ouvir atentamente, ainda que não se goste do que está sendo dito; compreender o que está sendo dito; enriquecer a conversa, reconhecendo aqueles pontos nos quais o interlocutor tem razão e, só então, responder colocando objeções à fala do interlocutor. Desta forma o encontro humano pode ser tornado sempre produtivo e alegre, evitando-se confrontações de conseqüências destrutivas.

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