segunda-feira, 20 de julho de 2009

O empreendedorismo ao alcance de todos

Na sua acepção mais universal, o termo empreender refere-se a “tomar a iniciativa e manter a ação para realizar a tarefa que se tem pela frente”. Sob essa perspectiva, pode-se empreender em qualquer situação que permita ou exija iniciativa. A base para isso está na aquisição de atitudes e hábitos fundamentais de organização, disciplina, persistência e coragem, entre outros.

Segundo a acepção acima, posso dizer que minha mãe foi uma grande empreendedora do cotidiano, embora ela nunca tivesse se envolvido com negócios. Diante das maiores dificuldades, ela sempre buscava e encontrava uma solução satisfatória. Deu suporte aos seus pais na criação de uma família numerosa, fazendo o trabalho pesado da fazenda e, assim, preparando-se para empreender sua própria família numa situação que exigia trabalho árduo. Durante uma crise existencial profunda vivida pelo meu pai, que se entregou ao alcoolismo, ela garantiu a sobrevivência da família. Buscou lenha no mato, lavou roupa para fora, colheu folhas e raízes e manteve sempre uma horta para completar a dieta alimentar dos filhos. Ela guardava de memória muitas receitas de coisas gostosas. De vez em quando, inventava variações e até novas receitas que nos surpreendia. Como empreendedora do cotidiano, ela impediu que a família sucumbisse.

Ajudei a promover a carreira de uma pessoa inteligente, mas que vivia em ambiente de passividade na infância. Ela morava na zona rural e estudou em escola pública considerada fraca; mesmo assim, ativei-lhe o interesse, com o respectivo apoio mínimo necessário. Sua evolução foi plenamente satisfatória. Ela fez curso técnico no CEFET e engenharia civil na UFMG, tendo estagiado em várias empresas, boas e ruins e, com isso, decidido o tipo de profissional que desejava ser para alcançar os seus objetivos. Tendo feito uma excelente rede de relações pessoais, terminou o seu curso de engenharia com emprego garantido numa multinacional, por indicação de um gerente que o conheceu num curso extra-curricular. Dois anos após formado já assessorava a diretoria de uma empresa japonesa na implantar um projeto de expansão no Brasil. Ela soube aproveitar a ajuda que teve, empreendendo a sua carreira a partir de uma situação difícil. Sua receita para quem deseja aprender com ele é: “estudar cálculo para aprender a pensar, fazer uma rede de relações sociais e pular como pipoca para dar conta do recado”.

Há um ditado que diz que, “para correr, é preciso aprender a andar”. Há outro, segundo o qual “uma viagem de milhares de quilômetros começa sempre com o primeiro passo”. Portanto, aprender a trabalhar bem pode ser uma grande estratégia para se empreender qualquer coisa. Um negócio é um experimento e, como tal, exige um período de aprendizagem das técnicas básicas, além da evolução dos experimentos mais simples para os mais complexos. Fazer pequenos negócios, desde cedo, pode ser a base para se fazerem grandes negócios no futuro. Contudo, o mais importante é aprender a conduzir com responsabilidade qualquer tipo de atividade e, assim, adquirir as qualidades necessárias para, se for conveniente, criar o próprio negócio. Algumas pessoas investem tudo que têm num experimento único e mal planejado, perdendo todos os seus recursos e esforços. Esse tipo de fracasso pode e deve ser minimizado; porém, caso ocorra, não pode ser motivo para desistência. Umas das características do empreendedor é exatamente “aprender com o fracasso”, correndo riscos calculados numa evolução programada de graus de empreendedorismo.

Nenhum comentário: