segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A operação da rotina do dia-a-dia

Um dos conceitos universais reconhecidos por Frederick Taylor, reforçado por Henry Ford e consolidado pelo Sistema Toyota de Produção e pela Administração Japonesa em geral refere-se à gestão das atividades rotineiras. Esse conceito decorre naturalmente da análise da lógica universal da Dinâmica do Conhecimento.

Está implícito nessa lógica que, após conceber e confirmar um sistema operacional, a operação propriamente dita do mesmo deve ser conduzida com extremo cuidado, incorporando-se as lições da história. Na atualidade, com a grande intensificação da automação, os operadores são levados a desenvolver um senso refinado para dar manutenção produtiva total aos equipamentos, porém a partir de manutenção total da própria saúde e do desenvolvimento da autodisciplina. De certa forma, trata-se da intensificação da espiritualidade latu sensu no ambiente de trabalho.

É preciso partir de algumas lições da história a respeito, para que se tirem o melhor proveito das pessoas e da tecnologia. A primeira lição é que a operação de atividades repetitivas pode ser extremamente desmotivante, e até mesmo danosa à saúde do trabalhador. A segunda é que os padrões, ou sistemas operacionais geralmente são concebidos sem a efetiva participação dos seus operadores. Geram-se, então, aberrações que, para serem sanadas, exigem que os trabalhadores ignorem os padrões pouco inteligentes que lhes foram prescritos, recriando-os, às vezes clandestinamente.

As pesquisas dos ergonomistas têm demonstrado, de maneira sistemática e fartamente documentada, que o uso da inteligência no trabalho nem sempre é permitida. Por outro lado, quando se leva em consideração a natureza humana naturalmente criativa, podem-se resolver problemas complexos a partir da colaboração dos operadores.

Os sistemas operacionais deveriam decorrer de pesquisas rigorosas, feitas por especialistas, porém sob a perspectiva única dos seus operadores. Ao operar tais sistemas, por outro lado, os operadores deveriam ser vistos como verdadeiros cientistas em ação, o que de fato eles são, embora nem sempre sejam reconhecidos como tais.

A mobilização dos operadores como cientistas em ação pressupõe que, em primeiro lugar, eles vivam em ambientes sadios, e que possam desenvolver os hábitos certos para lidar com as atividades repetitivas no dia-a-dia, de forma inteligente. Para tanto, algumas organizações propiciam condições para o trabalho em equipe, de forma casual ou sistemática, assim como programas de sugestões para que todos se sintam valorizados ao fornecer suas idéias para a solução de problemas.

Se o permanente contato dos trabalhadores com os equipamentos é feito de forma prazerosa, eles poderão tornar-se íntimos desses equipamentos. Com o tempo, podem formar mapas mentais das relações entre os seus sinais vitais, assim como fazem os médicos, e montar verdadeiras tabelas práticas para a solução de problemas. Ruídos, variações de temperatura, vibrações e pequenas trincas podem ser interpretadas pelos operadores como indícios de problemas prontamente sanáveis, sem a necessidade de instrumental sistemático para conduzir análises da situação, conforme descrito no livro Zen e a Arte de Manutenção de Motocicletas.

Entende-se, assim, que algumas metodologias rigorosas de solução de problemas, impostas a quem já sabe resolvê-los, podem ser desmotivadoras no trabalho operacional do dia-a-dia. Criar um ambiente propício ao trabalho prazeroso e de qualidade, além de reconhecer que todo trabalhador é um cientista em ação, torna-se uma condição para se concretizar a era do conhecimento.

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