segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O homem como poderia ser

Sempre que o indivíduo toma consciência de sua verdadeira missão na vida, chega à conclusão que ele próprio é o produto a ser produzido com qualidade e produtividade. Assim, na Grécia de Péricles, atingiu-se o apogeu de uma civilização que buscava beleza, verdade, liberdade e justiça - apesar de ali existirem escravos -, mas, sempre como expressão de virtudes lapidadas para honrar aos deuses. Sócrates, o exemplo máximo de sabedoria grega, enfatizou a necessidade de se atingir a excelência do homem interior, conhecedor de si mesmo.

Com a emergência do cristianismo, ressaltou-se a necessidade de o homem viver para realizar as qualidades de Cristo, o que o colocariam muito acima de quaisquer ambições terrenas de busca de prazer, fama e riquezas. Sob a perspectiva cristã, a principal missão do homem na Terra, além de servir ao Deus único, seria amar ao próximo como a si mesmo. Seu trabalho deveria expressar a perfeição cultivada dentro de si, mas nunca tornar-se objeto de idolatria.

Deming, quando ensinou o controle de qualidade aos japoneses, enfatizou que qualidade não se referia a produtos, mas a pessoas. Ishikawa, o grande líder do movimento japonês pela qualidade, enfatizava que a qualidade que se devia perseguir referia-se à felicidade das pessoas. Segundo Ishikawa, as empresas que não conseguissem atingir esse objetivo não mereceriam existir.

Bertrand Russel, o grande filósofo e matemático não-teísta, assim retratou o homem como poderia ser:

"Aqueles que são proveitosos para si mesmos, para seus amigos, ou para o mundo, são inspirados pela esperança e mantidos pela alegria: vêem na imaginação as coisas como poderiam ser e o modo pelo qual poderiam vir a ser reais. Em suas relações particulares, não se sentem angustiados, temerosos de que venham a perder o afeto e respeito que recebem: ocupam-se em dar afeto e respeito gratuitamente, e a recompensa vem por si mesma, sem ser procurada. Em seu trabalho, não estão perseguidos por ciúmes de concorrentes, mas interessados na coisa concreta a ser feita. Em política, não perdem tempo e ardor defendendo privilégios iníquos de sua classe ou nação, mas têm em mira tornar o mundo mais feliz, menos cruel, menos cheio de conflito entre mesquinharia rivais, e mais pleno de seres humanos cuja evolução não foi impedida ou atrofiada pela opressão."

O homem descrito por Russel não é um sonho. Ele existiu e ainda existe, embora seja um tipo raro. Por isso mesmo é o melhor produto do mundo, o único que vale a pena se esforçar para se produzir em massa. Aristóteles, Goethe, Emerson, entre outros humanistas, consideraram que esses homens representativos deveriam ser tomados como referência para se criarem sistemas educativos realmente orientados para a e pela qualidade.

Como a meta do homem não é a opinião, nem a crença, mas o conhecimento, é fundamental que se domine, então, a Dinâmica do Conhecimento aplicado a pessoas, e que se estabeleçam sistemas sociais capazes de produzir os homens como poderiam ser. Na escola, no governo, na empresa e em todo tipo de organizações humanas, a meta prioritária deveria ser formar homens competentes, íntegros e solidários

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