domingo, 1 de junho de 2014

O ESPÍRITO EMPREENDEDOR: da Imitação à Inovação

A GDC - Gestão da Dinâmica do Conhecimento - visa à realização do potencial humano de produzir, individualmente ou em equipe, as condições mais adequadas à vida de boa qualidade. Outra forma de referir-se ao seu objetivo principal é dizer que ela visa a desenvolver o espírito empreender, em sentido amplo, da imitação, passando pelo contínuo aperfeiçoamento e culminando na  inovação de ruptura.

Parece que os animais em geral nascem com um programa a ser executado dentro de um escopo limitado. O ser humano, por outro lado, parece nascer com um programa mais aberto, passível de adaptação a circunstâncias mais amplas. É da sua natureza imitar, aperfeiçoar e, mediante necessidade manifesta ou visão de futuro, inovar radicalmente.

Pode-se dizer que o ser humano nasce, assim, com um espírito empreendedor, mas que esse espírito precisa ser posto em prática, seja para enfrentar crises reais ou crises induzidas. Pode-se empreender, em sentido genérico, sem a necessidade de criar uma empresa, ou ocupar cargos importantes. Pode-se empreender, por exemplo, nas relações humanas, no trabalho de limpeza, numa profissão liberal, na criação de empresas ou na direção de um país. Isto é, pode-se realizar o potencial humano latente no ser humano em quaisquer atividades.

O ciclo da dinâmica da atividade, que deve ser transformado num ciclo da dinâmica do conhecimento pelo ser consciente, consiste em: ideação, experimentação, avaliação dos resultados dos experimentos realizados, consolidação desses resultados em sistemas operacionais tácitos e explícitos, operação do sistema e contínuo questionamento de meios e fins envolvidos, além de novas ações que promovam a realização de potenciais, necessidades e desejos. Esse ciclo possui três níveis básicos: imitação, aperfeiçoamento e inovação.

A imitação consiste na aprendizagem do existente. Pode ser realizada sob várias nomenclaturas, algumas delas usadas apenas para amenizar o impacto negativo da palavra imitação, tais como: aprendizagem das boas práticas, domínio do estado da arte, domínio tecnológico, nivelamento cultural etc. Alguns nomes técnicos para a imitação, no campo dos negócios, podem ser: engenharia reversa, criação de produtos a partir de sementes e benchmarking. Alguns empresários, como Sam Walton e Jack Welch assumiram, sem meias palavras, que copiavam quaisquer boas práticas, em qualquer lugar do mundo.

A aprendizagem intercultural é uma realidade, além de ser uma necessidade. Ralph Linton, no livro O Homem, ilustra a aprendizagem mútua entre culturas com um exemplo interessante. Ele supõe um cidadão americano conservador que, após ler sobre notícias de dificuldades em outros países, agradeça “a uma divindade hebráica, numa língua indo-européia, o fato de ser cem por cento americano”. Além dessa dependência fundamental, eis alguns dos objetos cuja existência esse americano deve a outros povos: a cama, o pijama, o sapato, a camisa, a gravata, o café, o açúcar e uma infinidade de outros objetos. Os animais abatidos para sua alimentação, como o porco, a galinha e a vaca foram todos domesticados por povos distantes. Na verdade, quando se fala em civilização ocidental, freqüentemente se pensa num conjunto de crenças, valores e objetos que, em grande parte, são de origem oriental. A imitação é um processo universal inevitável.

A imitação superpõe-se à filosofia e à prática do aperfeiçoamento. O processo de dominar o existente pode levar muitos anos, e exige aperfeiçoamento contínuo. Por outro lado, o aperfeiçoamento contínuo decorre de uma filosofia de vida que, se não for aprendida desde o berço, torna-se extremamente difícil de ser aprendida mais tarde. Talvez seja por isso que, perguntado sobre como o Brasil poderia compreender e aplicar essa filosofia, o consultor da JUSE (Japanese Union of Scientists and Engineers), senhor Ichiro Miyauchi, afirmou que, se o País trabalhar duro durante uns trintas anos, mobilizando maciçamente sua população, talvez ele consiga absorver essa filosofia em larga escala. Trata-se de um grande desafio de mudança cultural.

A inovação tanto pode ser entendida como fruto de constantes aperfeiçoamentos, como de uma decisão de romper com o existente e fazer algo nunca visto. Seu impulso maior vem da necessidade de reagir a crises, mas pode vir também de uma visão de futuro positiva a ser construído. Não há garantia alguma de que a inovação dê bons resultados, embora, em algumas situações, a ausência de inovação garanta a estagnação e a degeneração das condições de vida.

A GDC, conforme aqui interpretada, apresenta o método nuclear, seja para a imitação, o aperfeiçoamento ou a inovação de ruptura. Como afirmou Einstein (veja o seu livro Notas Autobiográficas) no caso da ciência avançada, para se fazer inovação de ruptura não basta seguir um método; é preciso ter talento e fé, ou força de vontade. Creio, entretanto, que o talento se manifesta apenas aos que têm constância de propósito, e acreditam que o têm, conformou opinou Henry Ford na máxima "Quer você acredite que pode, quer você acredite que não pode, você está certo."

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