A GDC - Gestão da Dinâmica do Conhecimento - visa à realização do potencial humano de produzir, individualmente ou em equipe, as condições mais adequadas à vida de boa qualidade. Outra forma de referir-se ao seu objetivo principal é dizer que ela visa a desenvolver o espírito empreender, em sentido amplo, da imitação, passando pelo contínuo aperfeiçoamento e culminando na inovação de ruptura.
Parece que os animais em geral nascem com um programa a ser executado dentro de um escopo limitado. O ser humano, por outro lado, parece nascer com um programa mais aberto, passível de adaptação a circunstâncias mais amplas. É da sua natureza imitar, aperfeiçoar e, mediante necessidade manifesta ou visão de futuro, inovar radicalmente.
Pode-se dizer que o ser humano nasce, assim, com um espírito empreendedor, mas que esse espírito precisa ser posto em prática, seja para enfrentar crises reais ou crises induzidas. Pode-se empreender, em sentido genérico, sem a necessidade de criar uma empresa, ou ocupar cargos importantes. Pode-se empreender, por exemplo, nas relações humanas, no trabalho de limpeza, numa profissão liberal, na criação de empresas ou na direção de um país. Isto é, pode-se realizar o potencial humano latente no ser humano em quaisquer atividades.
O ciclo da dinâmica da atividade, que deve ser transformado num ciclo da
dinâmica do conhecimento pelo ser consciente, consiste em: ideação,
experimentação, avaliação dos resultados dos experimentos realizados,
consolidação desses resultados em sistemas operacionais tácitos e
explícitos, operação do sistema e contínuo questionamento de meios e
fins envolvidos, além de novas ações que promovam a realização de
potenciais, necessidades e desejos. Esse ciclo possui três níveis
básicos: imitação, aperfeiçoamento e inovação.
A imitação
consiste na aprendizagem do existente. Pode ser realizada sob várias
nomenclaturas, algumas delas usadas apenas para amenizar o impacto
negativo da palavra imitação, tais como: aprendizagem das boas práticas, domínio
do estado da arte, domínio tecnológico, nivelamento cultural etc. Alguns
nomes técnicos para a imitação, no campo dos negócios, podem ser:
engenharia reversa, criação de produtos a partir de sementes e
benchmarking. Alguns empresários, como Sam Walton e Jack Welch
assumiram, sem meias palavras, que copiavam quaisquer boas práticas, em
qualquer lugar do mundo.
A aprendizagem intercultural é uma realidade,
além de ser uma necessidade. Ralph Linton, no livro O Homem, ilustra a
aprendizagem mútua entre culturas com um exemplo interessante. Ele supõe
um cidadão americano conservador que, após ler sobre notícias de
dificuldades em outros países, agradeça “a uma divindade hebráica, numa
língua indo-européia, o fato de ser cem por cento americano”. Além dessa
dependência fundamental, eis alguns dos objetos cuja existência esse
americano deve a outros povos: a cama, o pijama, o sapato, a camisa, a
gravata, o café, o açúcar e uma infinidade de outros objetos. Os animais
abatidos para sua alimentação, como o porco, a galinha e a vaca foram
todos domesticados por povos distantes. Na verdade, quando se fala em
civilização ocidental, freqüentemente se pensa num conjunto de crenças,
valores e objetos que, em grande parte, são de origem oriental. A
imitação é um processo universal inevitável.
A imitação
superpõe-se à filosofia e à prática do aperfeiçoamento. O processo de
dominar o existente pode levar muitos anos, e exige aperfeiçoamento
contínuo. Por outro lado, o aperfeiçoamento contínuo decorre de uma
filosofia de vida que, se não for aprendida desde o berço, torna-se
extremamente difícil de ser aprendida mais tarde. Talvez seja por isso
que, perguntado sobre como o Brasil poderia compreender e aplicar essa
filosofia, o consultor da JUSE (Japanese Union of Scientists and
Engineers), senhor Ichiro Miyauchi, afirmou que, se o País trabalhar
duro durante uns trintas anos, mobilizando maciçamente sua população,
talvez ele consiga absorver essa filosofia em larga escala. Trata-se de
um grande desafio de mudança cultural.
A inovação tanto pode ser entendida como fruto de constantes
aperfeiçoamentos, como de uma decisão de romper com o existente e fazer algo nunca visto. Seu impulso maior vem da necessidade de reagir a crises, mas pode vir também de uma visão de futuro positiva a ser construído. Não
há garantia alguma de que a inovação dê bons resultados, embora, em
algumas situações, a ausência de inovação garanta a estagnação e
a degeneração das condições de vida.
A GDC, conforme aqui interpretada, apresenta o método nuclear, seja para a imitação, o aperfeiçoamento ou a inovação de ruptura. Como afirmou Einstein (veja o seu livro Notas Autobiográficas) no caso da ciência avançada, para se fazer inovação de ruptura não basta seguir um método; é preciso ter talento e fé, ou força de vontade. Creio, entretanto, que o talento se manifesta apenas aos que têm constância de propósito, e acreditam que o têm, conformou opinou Henry Ford na máxima "Quer você acredite que pode, quer você acredite que não pode, você está certo."
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