terça-feira, 5 de maio de 2009

Preceitos éticos universais

Ética é a parte da filosofia que estuda os juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. O resultado de tal estudo são preceitos orientadores do comportamento humano saudável. A prática de tais preceitos exige que se tenha educado o homem para a disciplina consciente, ou autodisciplina, o que é bastante raro, embora desejável.

A partir da Declaração dos Direitos Universais do Homem, delineou-se um núcleo comum de uma ética universal capaz de orientar a ação: os preceitos da liberdade, da paz e da justiça como anseio e direito de todo ser humano. Levar em conta esses preceitos implica agir com espírito de fraternidade em todas as situações, incluindo aquelas de incerteza, quando cada passo à frente representa um risco que precisa ser corrido.

Esses preceitos foram expressos de muitas maneiras semelhantes por muitos luminares da humanidade, representantes de visões de mundo aparentemente diferentes. Uma das formas mais comuns de expressar tal preceito, comuns a todas as religiões, é por meio da Regra de Ouro, que sugere que façamos ao outro aquilo que gostaríamos que ele fizesse conosco o que, evidentemente, não se aplica a sádicos e masoquistas. Na versão de Imanuel Kant, o homem deveria comportar-se de tal maneira que o seu comportamento pudesse ser adotado universalmente.

Parodiando certo cristão primitivo, poderíamos dizer que “quando pudermos agir com base em conhecimento perfeito, não necessitaremos de opiniões e crenças; entretanto, enquanto isso não acontece, guiemo-nos pela fé, pelo amor e pela esperança, com especial ênfase para o amor, capaz de tudo perdoar e de dar significado à vida, mesmo quando ela pareça não ter nenhum”. Na impossibilidade da prática do amor, deveríamos, pelo menos, praticar a solidariedade e o respeito, duas bases sólidas legadas pelo avanço da civilização.

Cada passo que damos na vida, nós o fazemos baseado em conhecimento anterior, ou na suposição de que o bom senso nos ajude a decidir sobre o que fazer. Quando a situação é desconhecida, estaremos sempre diante de uma aventura, ainda que pequena. Nosso guia, portanto, além de um preceito universal, passa a ser a intuição, orientada, simultaneamente, pela fé e pela dúvida. Como sabemos, a dúvida é recomendável para se pesquisar, mas não pode reinar absoluta, sob pensa de levar as pessoas à loucura. Assim, as ações do dia-a-dia devem ser orientadas por princípios e regras de convivência decorrentes das lições históricas, isto é, preceitos éticos consensuais, sobre os quais não pairem dúvidas.

Quando se ignoram tais preceitos, prepara-se o caminho para a luta de todos contra todos. Nessa luta, apesar de os mais fortes e espertos sobreviverem num primeiro momento, somente os que se associam para defender interesses comuns têm futuro a médio e longo prazos. Esse processo doloroso, supõe-se, não precisa ser repetido entre seres racionais que, refletindo sobre o passado e o presente, tiram as lições de vida válidas para conduzir a vida para um futuro melhor. Essas lições de vida, para serem praticáveis, precisam ser expressas por meio de preceitos éticos universais, como a Regra de Ouro.

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