sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Inovar no Brasil

(Autoria: alunos da disciplina EMN006 Inovação e Espírito Empreendedor 2012/2 UFMG, lecionada por mim)

De acordo com o último Relatório Global de Competitividade, divulgado pelo World Economic Forum (WEF) o Brasil passou da 58ª economia mais competitiva do mundo para a 53ª. Apesar de este “salto” revelar certo avanço do país, o posicionamento atual ainda é desconfortável, uma vez que o Brasil é a sexta maior economia do mundo.

Contribuindo com cerca de 56% de todas as publicações da América Latina, o país não possuir nenhuma universidade entre as 150 melhores do mundo, demonstrando que os professores e pesquisadores se destacam na publicação científica especializada. Apesar de ocupar posição admirável na produção científica mundial (13ª), o Brasil ainda não cobriu a lacuna que separa seu setor produtivo das universidades e segue com dificuldade de inovar.

Com a maioria dos cientistas e engenheiros distribuídos em atividades acadêmicas de P&D, a disponibilidade de mão-de-obra qualificada nas indústrias brasileiras ainda é um problema a ser solucionado (países desenvolvidos como os EUA possuem cerca de 80% de cientistas e engenheiros nas empresas), assim como a precariedade do sistema de ensino, principalmente em relação à qualidade do ensino de matemática e ciências.

O conhecimento gerado pelas instituições de ensino e pesquisa não é, de maneira expressiva, difundido e transferido para o ambiente no qual se insere as técnicas, os métodos e os conceitos já dominados, de forma que ele fica limitado às suas origens e não contribui para o desenvolvimento sustentável local. Surge, então, um dos principais gargalos nacionais: como transformar a excelência da pesquisa científica em práticas inovadoras?

Os limites existentes entre universidades e empresas devem-se principalmente aos objetivos às vezes antagônicos dessas entidades. Por um lado temos as empresas interessadas basicamente na industrialização, enquanto as universidades preocupam-se mais com a pesquisa básica. Percebe-se certo distanciamento entre o que o pesquisador pensa em fazer e o que o mercado realmente necessita. Dessa forma, muitas das tecnologias desenvolvidas não encontram aplicações práticas nas indústrias ou apresentam desempenho inferior ao que era esperado. Também há a possibilidade de as tecnologias tornarem-se obsoletas antes mesmo de serem oferecidas ao mercado, devido à demanda de ciclos de vida cada vez mais curtos e às diversas pesquisas realizadas simultaneamente em todo o mundo.

Podemos considerar que a inovação é importante para economias que se aproximam das fronteiras do conhecimento, como é o caso do Brasil. Segundo dados da Organisation for Economic Co-operation and Development, as atividades ligadas à geração, uso e difusão do conhecimento já correspondem a mais de 50% do PIB de países desenvolvidos. Apesar de todas as ações voltadas à inovação (recentemente o Plano Brasil Maior com o lema “Inovar para competir, competir para vencer”), os investimentos em ciência, tecnologia e inovação são ainda pouco significativos, com expectativa de alcançar apenas 1,8% do PIB em 2015.

De uma forma geral, sabemos que a inovação caminha lentamente em países com baixos níveis educacionais e com mercados ineficientes ou sem infraestrutura adequada. Da mesma forma, a inovação é também desfavorecida tanto em países sem instituições que garantam direitos de propriedade intelectual, quanto em países com baixa capacidade tecnológica, seja no sentido de transferência de tecnologia ou de alcance tecnológico.

O Brasil tem grande potencial para inovação, porém ainda temos muito a melhorar. A educação básica no país ainda é precária, existe pouca mão-de-obra qualificada nas empresas e a proteção de propriedade intelectual ainda é um processo crítico. Adicionalmente, podemos citar os seguintes fatores que são problemáticos no país: infraestrutura, crédito caro, práticas gerenciais ultrapassadas, estrutura tributária complexa, burocracia excessiva, corrupção e criminalidade elevada.

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