segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A selva semântica no campo da gestão


O nome de algo, quando dissociado do seu conteúdo, pode causar grande confusão na comunicação. Veremos, a seguir, algumas dessas confusões no campo da gestão.

Tivemos a tão aclamada e, depois, repudiada, administração científica; mas, poderia a administração ignorar o método científico numa formatação conveniente ao contexto? Ele foi  popularizado pelos japoneses por meio de uma versão instrumental sintetizada na sigla PDCA.

Tivemos o surto da administração por objetivos; mas, poderia alguma administração ignorar objetivos?  Fala-se, hoje, em Gestão pelas Diretrizes, Gerenciamento para Resultados e Balanced Score Card que, no fundo, significam a mesma coisa.

A administração, dizem alguns, deve ser contingencial, isto é, deve levar em consideração os elementos únicos da situação. Ora, como poderíamos gerenciar negócios e resolver problemas ignorando as contingências?

A administração deve fundar-se nas relações humanas. Está certo; mas,  poderia ser diferente sem  se desprezar o bom senso?

Diz outra linha: - é preciso aplicar a teoria sócio-técnica. Se as organizações fundam-se na tecnologia e nas pessoas, não seria racional que as teorias fossem sócio-técnicas, sempre?

A qualidade de tudo deve ser buscada por todos, para todos, com uso produtivo dos recursos; isto é, deve-se buscar a Qualidade Total. Há como fugir dessa tendência sem tornar-se socialmente irresponsável e obter o repúdio da sociedade?

A administração deve ser estratégica, levando as organizações a  posicionarem-se em função de escolhas racionais quanto à sua forma de contribuir para a sociedade. Como justificar outro tipo de administração?

Devemos cuidar do empreendedorismo, e não apenas de administração dos empreendimentos existentes. Está certo, mas não se deve incentivar a atitude empreendedora sempre, até como condição para a perpetuação do negócio?

Já passou a era da qualidade, dizem, estamos na era da inovação. Não deveríamos estimular sempre a dedicação de uma parcela de nossas atividades à inovação?

Estratégia Seis Sigma é a onda do momento. Façamo-la. Mas o que é isso? Não foi essa a estratégia buscada com entusiasmo pelos japoneses desde 1950?

Devemos criar o futuro. Sim, mas há algum mágico capaz de criar o futuro, a não ser quando acredita na inovação e corre os riscos, como sempre ocorreu na história da humanidade?

Enfim, o que interessa mesmo é realização do potencial humano disponível, atuando sobre os recursos naturais existentes.  Suar a camisa para dominar a dinâmica do conhecimento, compartilhando emoção e  linguagem, é a solução genérica geradora de soluções específicas. 

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